Evento para escolha de jogadores para a nova temporada de futebol americano começa nesta quinta-feira (23), com mais de 100 câmeras nas casas dos envolvidos
Roger Goodell (D), comissário da NFL, ao lado do atacante Jonah Williams na primeira rodada do Draft em 2019 Foto: Michael Wade/Icon Sportswire/Getty Image
Frank Pallotta, da CNN
23/04/2020 às 10:36
O Draft da NFL deste ano deveria ser uma das produções mais elaboradas da história do futebol americano. O evento estava programado para a cidade de Las Vegas, com a presença de milhares de fãs, e a liga levaria jogadores de barco até um palco na fonte do Hotel Bellagio.
Mas a pandemia do novo coronavírus rapidamente mudou tudo isso: não haverá evento presencial em Las Vegas, audiência ao vivo e nem barcos. Mas isso não significa que o Draft da NFL será menos complexo de produzir. Na verdade, pode ser ainda mais complicado.
O Draft da NFL, que começa na noite desta quinta-feira (23) e vai até o sábado (25), acontecerá virtualmente. Âncoras da emissora ESPN estarão nos estúdios da rede em Bristol, no estado de Connecticut. Jogadores, treinadores, gerentes-gerais, analistas e o comissário da NFL, Roger Goodell, estarão em suas casas.
Goodell anunciará as escolhas da primeira rodada do draft do seu porão.
Divisor de águas
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ToggleA ESPN coordenará mais de 100 câmeras para o evento, de acordo com Seth Markman, vice-presidente de produção da emissora, que supervisiona o Draft da NFL.
“É algo sem precedentes já que todas essas pessoas não estão em um único local”, disse Markman à CNN. “Nunca vimos nada parecido com a quantidade de sinais de imagens que receberemos em nossa sede. Como nos comunicamos com todas essas pessoas? Como escolhemos as melhores imagens? Há muitas variáveis e acho até que a noite de quinta-feira realmente aconteça, é difícil dizer exatamente como tudo vai funcionar.”
A produção da ESPN e da NFL Network terá o apoio de uma vasta quantidade de tecnologia. A Amazon Web Services hospeda centenas de sinais de câmera através de seu sistema na nuvem, a operadora de telefonia Verizon ajuda na conectividade e fornece mais de 100 telefones para comunicações, a Microsoft trabalha com várias equipes para criar “salas de guerra” virtuais e a Bose forneceu mais 130 fones de ouvido.
O draft pode ser um momento decisivo na mídia, diz Michelle McKenna, diretora de informações da NFL. “Isso pode afetar a maneira como tradicionalmente misturamos o conteúdo gerado por usuários com a mídia tradicional no futuro”, disse McKenna.
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Ela acrescentou que a liga enviou “kits de tecnologia” para aqueles que estarão no ar durante o draft. Os kits incluem vários telefones, uma luz, um microfone e um tripé.
“Normalmente, em uma situação de transmissão, você tem profissionais que fazem a curadoria e transmitem a programação. Agora, as pessoas criam e transmitem seu próprio conteúdo”, disse ela. “Não vai ter um operador de câmera na sua sala de estar. É só você. Bem, você ou sua mãe.”
Sem roteiro
Mesmo que tudo corra como planejado e toda a tecnologia funcione sem problemas, ainda é o Draft da NFL – um dos eventos mais imprevisíveis em todos os esportes.
“Eu sempre chamo o draft de o verdadeiro reality show de televisão porque não existe roteiro, e esta será uma versão com esteroides”, disse Trey Wingo, apresentador da ESPN. “Agora, as pessoas de TI da equipe são os membros mais importante de toda a transmissão.”
O Draft da NFL é um dos maiores eventos de seleção do calendário esportivo. Quase 50 milhões de telespectadores assistiram ao evento do ano passado em Nashville, no estado do Tennessee, durante a transmissão de três dias. E 600 mil pessoas estiveram presentes no evento.
O draft deste ano obviamente não quebrará nenhum recorde de presença, mas pode atingir audiências recordes com milhões de pessoas em suas casas, ansiosos por conteúdo esportivo.
A ESPN se esforçou para preencher sua grade de programação desde que o surto do novo coronavírus colocou o mundo do esporte em espera. Isso é feito com uma mistura de programas ao vivo em estúdio, conteúdo de arquivo e novas apostas – como, por exemplo, a transmissão de um torneio remoto da NBA e da WNBA, na semana passada.
Draft da NFL em 2020 será totalmente virtual por causa da pandemia do novo coronavírus
Foto: Reprodução/ NFL
O draft não será apenas sobre futebol americano, no entanto. A liga também realizará um “Draft-A-Thon”, grande evento de arrecadações que, além de prestar homenagem aos profissionais de saúde, beneficiará instituições de caridade como a Cruz Vermelha e a Feeding America.
Rich Eisen, da NFL Network, que realizará o “Draft-A-Thon”, disse à CNN que o draft é um evento esportivo significativo, algo que está em falta no momento.
“Não sei da próxima vez que teremos algo assim. Espero que tenhamos várias vezes ao longo do ano, mas não podemos dizer isso com certeza no momento”, disse Eisen. “É um evento que parece normal, mesmo que não seja.”
Apesar de muitas coisas estarem diferentes no draft deste ano, a preparação para será a mesma, de acordo com Mel Kiper Jr., experiente analista do evento.
“Ah, nada mudou. Veremos mais jogadores em gravações agora, já que podemos viajar pelo país”, disse Kiper. “Tudo o que fazemos para a internet, para rádios e para a TV é exatamente o mesmo que teria sido, a não ser pelo fato que o draft não será em Las Vegas”, explicou.
Wingo concordou, dizendo que o draft sempre foi um evento sobre conseguir “manobrar um navio muito grande muito rapidamente”. “Minha visão sobre o draft não mudou nada. Será a mesma coisa”, disse ele. “É apenas uma questão de como vamos divulgar as informações.”
Apesar de ser realizada virtualmente, Wingo espera que uma tradição da forma tradicional do draft permaneça.
“Nos últimos anos, tornou-se uma espécie de tradição que toda vez que Roger Goodell se prepara para fazer a escolha, haja muitos aplausos e vaias”, disse Wingo. “Eu acho que seria ótimo se Roger, em sua casa, de alguma recebesse vaias quando se preparar para a escolha.”
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