Automação ganha força dentro e fora das arenas; competições terão mais equipes mistas
Anna Satie, Diego Freire e Matheus Prado Da CNN Brasil, em São Paulo
07/03/2020 às 11:45
A Olimpíada volta a Tóquio após 56 anos, mas as semelhanças entre uma edição e outra só ficam no fato de terem o mesmo local como sede. Com a abertura marcada para 24 de julho, os jogos chegam a 2020 buscando sintonia com seu tempo.
O evento busca uma pegada sustentável e preza pela igualdade de representação entre homens e mulheres. Também passa a ter esportes que ganharam força global nas últimas décadas, como surfe e skate – disputas que podem dar medalhas ao Brasil.
A delegação brasileira ainda conta com as chances de pódio já tradicionais em esportes como vôlei, judô e vela para superar o melhor desempenho da história, na Rio 2016, quando conquistou 19 medalhas (sete de ouro). Bons resultados também podem vir no atletismo, boxe, canoagem, futebol e natação.
Apesar do clima de festa que caracteriza a Olimpíada, ainda paira a ameaça do coronavírus, que deixou milhares de mortos na vizinha China. Nos últimos meses, o surto de espalhou para a Coreia do Sul e o Japão, e a organização dos jogos manifestou preocupação com o possível impacto da disseminação do vírus.
Conheça as principais novidades da Olimpíada de Tóquio e saiba mais sobre a presença brasileira nesta edição dos jogos.
Novas disputas
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ToggleTrinta e três esportes integram os Jogos de Tóquio, contra 28 no Rio. Entre eles, quatro são inéditos: caratê, escalada, surfe e skate. Dois retornam depois de um hiato de 12 anos: o beisebol e o softbol não participavam da Olimpíada desde 2008.
Também há novas competições, como o basquete 3×3, disputado entre trios em metade da quadra; e o BMX freestyle, campeonato de manobras livres na bicicleta.
Igualdade de gênero
Um dos compromissos do Comitê Olímpico Internacional para o evento deste ano foi equiparar a participação masculina e feminina nos jogos, tanto em atletas quanto em número de eventos. Quase metade dos competidores (48,8%) será de mulheres, contra 45% nos Jogos de 2016 e 44% em 2012.
Para deixar o quadro mais parelho, haverá times mistos em competições de natação, atletismo, tiro com arco, esgrima, triatlo e tênis de mesa.
Há cinco esportes, no entanto, que ainda não têm disputas para homens e mulheres. O softbol se unirá ao nado sincronizado e a ginástica rítmica nas competições exclusivas para mulheres. O beisebol e a luta greco-romana continuam 100% masculinos.
Robôs tomam conta
Se dentro das competições ainda prevalece a humanidade dos atletas, fora delas a Olimpíada de Tóquio será tomada por robôs. O primeiro deles é o mascote, Miraitowa, cujo nome junta as palavras japonesas “mirai” (futuro) e “towa” (eternidade). O robô humanoide simboliza “o velho e o novo, ecoando o conceito de inovação pela harmonia”, segundo sua descrição oficial.
Haverá réplicas robotizadas de Miraitowa nas sedes das competições, onde outros robôs também serão protagonistas. Uns auxiliarão cadeirantes; outros recuperarão varas e discos para os atletas usando inteligência artificial.
A automação também chega aos transportes: veículos elétricos autônomos rondarão as áreas das competições — onde mais esportes usarão a arbitragem com ajuda do vídeo. No tênis de mesa, por exemplo, a tecnologia vai mostrar se a bola tocou a rede ou o corpo do jogador.
Legado sustentável
O uso intensivo de tecnologia também se estende a medidas para tornar a Olimpíada de Tóquio um evento menos danoso ao meio ambiente.
As 18.000 camas da Vila Olímpica são feitas de papelão reciclável, “mais resistente que a madeira e capaz de suportar 440 libras [cerca de 200 quilos]”, de acordo com o gerente do conjunto residencial, Takashi Kitajima.
A tocha olímpica, concebida com o desenho de uma flor de cerejeira, trará resíduos de alumínio recuperados de habitações temporárias para as vítimas do tsunami de 2011.
Os pódios serão montados com plástico reciclado (parte dele retirado do oceano), e até os maiores objeto de desejo dos competidores — as medalhas — terão ouro, prata e bronze provenientes de aparelhos eletrônicos desmontados cujo destino era virar lixo.
Todo o esforço da organização dos jogos para alardear o respeito ao meio ambiente não impediu uma grave crise de reputação. Em 2018, ONGs denunciaram danos irreversíveis a florestas tropicais do Sudeste Asiático devido à retirada de madeira para a construção do Estádio Olímpico. O comitê organizador admitiu o uso da matéria-prima, mas afirmou que toda a extração foi realizada de forma legal e ecologicamente correta.
O Brasil nos jogos – e suas chances
O canoísta Isaquias Queiroz encabeça a lista de atletas brasileiros que podem repetir o sucesso do último ciclo e conquistar medalhas em Tóquio. Ele foi campeão mundial da categoria C1 1000 em 2019 e levou o bronze na C2 1000 na mesma competição, esta ao lado de Erlon Souza.
As velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze, que levaram o ouro na classe 49erFX em 2016, devem brigar pelo bicampeonato no Japão. Elas lideram o ranking mundial da modalidade e acumulam bons resultados no circuito competitivo de vela.
O vôlei é outra modalidade que tem tudo para continuar dando alegrias para o brasileiro. Nas quadras, a equipe masculina é a atual campeã do mundo e vem de quatro finais olímpicas consecutivas. Na areia, várias duplas aparecem nas primeiras posições do ranking mundial. Agatha/Duda e Ana Patrícia/Rebecca entre as mulheres e Alisson/Álvaro Filho e Evandro/Bruno Schmidt, entre os homens, têm boa chance de se destacar.
Há ainda esperança de conquistas no surfe, esporte em que o país contará com o talento dos atuais campeão e vice mundiais, Ítalo Ferreira e Gabriel Medina (vencedor das temporadas de 2014 e 2018).
O skate estará igualmente bem representado. As multicampeãs Letícia Bufoni e Pamela Rosa, ambas na categoria street, podem chegar ao Japão entre as favoritas. No masculino, Pedro Barros (skateboard park) e Kelvin Hoefler (street), ambos com títulos mundiais no currículo, brigam por medalha.
Arthur Zanetti e Arthur Nory, na ginástica artística; Mayra Aguiar, Rafaela Silva e Rafael Silva, no judô; Bruno Fratus e Ana Marcela, na natação; e Beatriz Ferreira, no boxe; são mais alguns atletas que já possuem experiência olímpica e devem brigar por medalhas. A seleção masculina de futebol, atual campeã, pode igualmente trazer bons resultados.
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